terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O pacifismo do ativismo profissional



“O que você consegue protestando, segurando uma faixa como de costume? Tenho visto isso há décadas. Isso não muda nada. As pessoas não prestam atenção. Por que prestariam? Não vale a pena. Mas quando as pessoas lutam, isso é alguma coisa. Isso sim chama atenção, e deveria, pois é real. Isso não é apenas um jogo simbólico como: “me sinto bem, tenho minha faixa.” Bom, não estou nem aí pra isso. Se isso fosse válido, se não fosse ineficaz… eu preferiria muito que fosse pacífico… ninguém seria colocado em perigo. Ninguém seria machucado ou preso. Ninguém seria atingido na cabeça pela polícia. Nem mesmo uma janela seria quebrada. Ideal. Exceto pelo fato de isso não dar certo.


A propriedade corporativa é o alvo mais óbvio na minha opinião. Bancos, lojas caras, redes como Starbucks e aí por diante. As pessoas entendem que são parte do sistema global, parte desta abusiva, padronizada forma destrutiva que está acabando com todas as diferenças, toda liberdade.”

sábado, 1 de dezembro de 2012

A Última Palavra - Por Feral Faun


“Quando você transmite informação, você se torna a própria informação”

- ADILKNO

Sim, é possível estar possuído… não por demônios, espíritos ou outras supostas entidades sobrenaturais. Sim, o que nos possui, minando qualquer tentativa de autonomia e autocriação, é a identidade. Essa coisa sem vida própria que nos guia para a morte como se estivéssemos famintos, cavalos açoitados pelas garras de algum fantasma.

No jogo da Insurgência - um combate vivido na guerra contra a civilização - é estrategicamente necessário usar identidades e papéis. Infelizmente, o contexto das relações sociais dá aos papéis e identidades o poder para definir os indivíduos que tentam usá-los. Então eu, Feral Faun, torno-me… um anarquista… um escritor… um discípulo de Stirner, pós-situacionista, um teórico anti-civilização… se não por minha própria visão, pelo menos aos olhos das pessoas que leem meus textos.

Eu assumo essas identidades somente em estado semiconsciente, com uma pequena consciência das armadilhas que posso encontrar. Elas se tornam ferramentas que eu posso usar para criar interações com outras que integram prática, análise, paixão em um insurgente jogo consciente e as abandono quando elas se tornam inúteis. De preferência, essas identidades são armaduras coladas em mim que impedem a possibilidade de interações reais… substituindo-as com as absurdas relações das identidades que os indivíduos realizam e não desfrutam de outras singularidades, mas, preferencialmente, encontram conforto em alguma imagem superficial da similaridade. Em tais relacionamentos, paixões, intensidade, amor, admiração, crueldade, a interação de uma critica real não tem lugar. O jogo consciente da insurgência é substituído por um jogo de raiva simulada e protesto ritualizado a respeito de todas as questões convenientes - que é o jogo do ativista anarquista e ativista profissional.

Bem, eu estou cansado, cansado de ser dominado pelo fantasma da identidade, cansado de interações meia-boca na qual ninguém ensina ninguém. Cansado do ódio simulado e protesto ritualizado que estão fora do jogo insurgente, cansado de contextos sociais que são sempre caixas que me isolam e me nomeiam, cansado de ser apenas informação para as pessoas ao invés de carne, sangue, desejo, paixão e intensidade. No momento em que você ler isso, Feral Faun deixará de existir… esta é a última palavra.