sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Entrevista - Isabella Superstar! [*]

Abaixo segue a entrevista com a Banda paulistana de Power Violence Isabella Superstar realizada no dia 27/12/2008. A banda é composta por: XLazaroX - pedrero vegan na bateria. Od' - 6 cordas desafinadas. Maua - 4 cordas erradas. e Luan - emo-violence nos gritos!


Pequena Ameaça - Gostaríamos que vocês se apresentassem e falassem um pouco da banda Isabella Superstar.

Lazaro - Então, a gente é a Isabella Superstar, banda de São Paulo de Power Violence Punk. A gente não tem visu mas a gente é Punk caraio.

Pequena Ameaça - Saiu uma nota sobre vocês no Hangar 110 e gostaríamos que vocês falassem a respeito disso, sobre como vocês estão sendo reconhecidos pela cena e como é que é tocar Power Violence.

Od' - Eu achei legal ter saido a nota. O cara ouviu, gostou e fez a nota. É gratificante você fazer um bagulho que você gosta...

Lazaro - Mesmo sendo do Hangar 110 que é um lugar que a gente nunca vai tocar na vida.

Maua - Mas quem fez foi o maluquinho do "Chiveta" né...

Lazaro - É lógico...foi o cara que é amigo dos caras do Mukeka (Di Rato) louco. A gente nunca vai tocar no Hangar 110 mas sei lá, é bom os boys veem também a gente aparecendo no site deles... invadindo.

Od' - Isso era a próxima coisa que eu ia falar, mas ele já falou tudo...então...

Pequena Ameaça - O que é pra vocês tocar Power Violence, que porra de som é esse?!
Lazaro - Mano, é assim velho, a gente vem de um lugar feio, a gente é feio, a gente não sabe tocar. Não tinha outra saida, tinha que ser Power Violence mesmo. É rápido, é feio, é sujo, só a gente gosta...

Od' - E é minha vida... minha vida...

Lazaro - É a nossa vida mano. Sem o Power Violence a gente fica... sei lá... fala uma frase bonita aí (se referindo ao resto da banda).

Od' - Sem o Power Violence é como se eu não tivesse braço ( risos).

Lazaro - Como se eu não tivesse pinto (risos).

Pequena Ameaça - O que faz jovens como vocês escolherem o Punk/HardCore pra se manifestar, compor seu visual, falar sobre o seu mundo e tudo mais?

Lazaro - É a mesma coisa que motiva a gente a tocar Power Violence: as inquietações que todo mundo, todo jovem tem. Não tem como a gente nascer num lugar bonito, quer dizer, num lugar feio, ser feio, ser pobre, ser burro e tocar tipo um bagulho bonito. É um bagulho que não condiz com a gente tá ligado.

Od' - E tanto falar de coisas que não pertence a nossa realidade no caso.

Lazaro - Porque... como é que a gente vai falar de prédios em Alphaville se a gente mora na periferia...

Od' - No cu de Suzano, no cu de Poá, no cu do Maua, no cu de Perus...

Pequena Ameaça - E por que HardCore e não Funk, Rap, Maracatu, moda de viola? (risos).

Lazaro - Não que eu despreze esses estilos totalmente. Toda manifestação jovem relativa a cultura é sempre importante mas cada um sabe o que te agrada mais. A gente vem de um lugar onde o ar é rarefeito, tudo é mais difícil, não querendo ser... pagar de coitado e nem porra nenhuma. A gente geralmente nem reclama disso, mas mano, Funk, Pagode, sei lá Axé, é um bagulho querendo ou não está mais envolta a nossa realidade do que a Oscar Freire e a Augusta...

Pequena Ameaça - Na música "As tecnologias do século XXI me deixaram preguiçoso, anti-social e burro" vocês falam da influência e do efeito que as tecnologias causam nas pessoas e no final do comentário da música vocês deixaram uma pergunta "a tecnologia escraviza ou liberta o ser humano?". Gostaríamos que vocês a respondesse.
Lazaro - Escraviza ou liberta, né mano?! Assim, no mundo que a gente vive é dificil responder sem ser incoerente as vezes. Porque querendo ou não a gente está num mundo que é globalizado, a gente está numa civilização infelizmente. Pode ser um paradoxo a gente falar mal de tecnologia e viver dentro dela e até é mesmo.

Od' - Tanto nós agora, se a gente não tivesse um myspace, na internet, ou essas coisas, a gente provavelmente não estaria... sei lá, lançado uma demo ou feito várias coisas que a gente já fez, conhecido várias pessoas, contatos... é útil...

Lazaro - Mas respondendo a pergunta mano, a tecnologia escraviza sim, pelo menos pra mim, assim, quanto anarquista e terrorista louco (risos).

Maua - É que tem dois ponto de vista também. Tem o ponto de vista da gente usar a tecnologia ao nosso favor, que no Isabella a gente acabou usando, o que o Od' falou de myspace e essas coisas. Mas também tem, por exemplo, o bagulho da comodidade que é a televisão, controle remoto, tudo você faz no celular. Por exemplo, a duas semanas atrás eu vi um celular que faz café, é um bagulho que a um mês atrás você tirava sarro e agora só falta um celular fazer café, e está fazendo. Tem uns bagulhos que estão escravizando, apesar de está fazendo que você, o homem, tenha comodidade e faça as coisas mais fáceis. Isso está fazendo ele depender dessa tecnologia. É umas das criticas... que todo mundo está dependendo da tecnologia hoje e quem não tiver hoje em dia é considerado um, sei lá...

Lazaro - Um indigente...

Maua - ... um indigente. Não existe. Apesar de um monte de gente, de muita gente não ter, mas a sociedade está impondo isso.
Lazaro - E tem o outro ponto de vista também né, que é usar a tecnologia, os meus de comunicação... a gente corre o risco de ser engolido mas acho que é um risco que vale apena ser corrido. Usar os meus de comunicação, as mídias, jornal, televisão, boca a boca e todos os caraios aí. Mas destruir os caras do mesmo jeito! O que a gente tem que ter em mente é não se deixar engolir.

Pequena Ameaça - Vocês fazem algo além da Isabella, alguma organização de ação direta, alguma coisa além da Isabella...?!

Lazaro - Então, eu e o Maua, participa do Coletivo Jornada Vegetariana, que é um Coletivo, basicamente, pra divulgar as idéias do vegetarianismo, do veganismo, da libertação animal. E é um Coletivo que, pelo menos esse ano, ganhou uma proporção...

Maua - "Grande..."

Lazaro - "Grande" e até mais do que eu esperava. A gente conseguiu fazer coisas que eu achava que realmente esse ano não ia dá pra fazer, uma manifestação "grande", um pique-nique produtivo que todo mundo foi lá, discutiu... e um show foda no final com rango e tudo. Querendo ou não difundindo as idéias... idéias que pelo menos parte da banda acredita. E fora a Isabella tem o Coletivo Pé Di Barro ainda né, que agora só eu faço parte (risos).

Maua - Coisas que acontecem...
Lazaro - É... coisas que acontecem... mas o Coletivo Pé Di Barro já é mais coletido D.I.Y - faça você mesmo - no intuito de levar o show, de levar o HardCore pra longe do centro. Não deixar o bagulho, preso aqui no centro, só pra boy vê. Fazer a galera da periferia assistir o show, mesmo colando poucas pessoas. E quando vai um ou outro é gratificante. Você vê o muleque que no domingo poderia está em casa assistindo faustão... mas ele está lá vendo os caras pelados, enfiando a mão no cu e falando de revolução. Então, é um bagulho que é importante. E fazer show em casa. A gente não tem dinheiro pra pagar uma casa de show. A gente não tem... a gente é até meio burro assim, em questão de organização. Mas a gente...

Od' - É burro, muito burro mesmo...

Lazaro - ... Mas a gente consegue fazer...

Maua - Todo mundo vai aprendendo...temos muito o que aprender e vamos crescendo, fazendo as coisas, errando... o Pé Di Barro, eu e o Od' também era. O Luan também era mas há desentendimento...

Pequena Ameaça - Por que vocês sairam do Pé Di Barro? Divergências?

Maua - Divergências! Ocorrem né! E a gente vai aprendendo com os erros.

Pequena Ameaça - Quem vocês gostariam de mandar tomar no cu?

Lazaro - É mais fácil a gente responder quem a gente não gostaria de mandar tomar no cu.

Pequena Ameaça – Não, pode falar aí, qualquer um... Lair Ribeiro, qualquer um...

Lazaro - Caraio, quem é Lair Ribeiro? (risos). Puta mano, é clichê né, você chegar pra um punk e falar: " - quem você quer mandar tomar no cu“. " - Ah, manda os presidente aí, esses governos aí, e os caraio tudo aí, engravatado aí". Mas são os mesmos caras que tem os mesmo... há milhões de anos desde que a civilização foi construída por aqueles que só querem manipular e tirar fruto da massa... do pobre... porque quem trabalha é pobre, povo... burro né. Todo ajudante geral tem que trabalhar pra tocar, assim, eu fujo do assunto, assim as vezes eu vou que vou...

Od’ – Hoje eu estou mandando o meu pai tomar no cu. Por motivos familiares, frutos do meu mal humor!

Maua – Eu queria mandar o pai do Luan tomar no cu, por causa dele a gente não vai tocar hoje.*

* Eles acabaram tocando sem o Luan.

Pequena Ameaça - Vocês acreditam que existe um movimento, cena ativa no Brasil? Falem sobre o Punk/HC, a cena brasileira.

Lazaro – Tem mano... tem pelo menos em São Paulo que é o lugar que a gente vive. Tem bastante gente fazendo coisas importante sim. Tem os muleques da "A.V.E.U.F " de Carapicuíba, tem o Sapopemba Crew que sempre ajuda a gente - se não fosse os caras a gente nunca faria show - porque a gente pega ampli emprestado... e fora de Coletivo, tem muita gente que ajuda. Você não precisa fazer parte de um Coletivo, de nada assim pra ajudar o HC. E também nunca vou ficar cobrando de ninguém uma postura. O HC pelos menos pra mim, não precisa de polícia e nem de segurança. Segurança é pra autoritário. A gente quer o risco...

Pequena Ameaça – O HC por si só é algo libertário?!

Lazaro – Não! O HC por si só não faz nada mano. O HC sem alma, sem vontade de mudança, cai no vazio e vira música só... vai pra prateleira lá do extra ser comprado e consumido como qualquer outra merda. Pra mim, o que tem de mais importante no HC é o ser do contra, ser do contra tudo...

Pequena Ameaça – E suas propostas no início, o que vocês acham do HC, como o ele se tornou desde o que era até hoje...?

Lazaro – É difícil falar do HC antigo porque a gente não é tão antigo...

Pequena Ameaça – ... inclusive mulecada cristã, gente louca...
Lazaro – Sempre tem né. A gente até vai nuns shows de bandas cristãs! Mas não pega nada!

Pequena Ameaça - O que vocês acham disso?!

Lazaro – Eu acho que é assim, o HC não pode cair no vazio nunca. Ele tem que saber porque ele está ali. O cara chega no outro: " - eu sou Punk e os caraio" mas e aí, "- pra que vc ta aí, pra que vc quer o Punk, pra vc usa o Punk?" Aí, muitas vezes, cai no vazio. E é o risco do Punk. É o que mais enfraquece. A luta é fazer o bagulho não cair no vazio, ficar sem idéia, ficar apático, estático... é o que mata ele. Mas pra mim o HC...

Od’ – Ele não pode cair no vazio... (risos)

Lazaro – É também, posso repetir de novo ou você vai falar?!

Pequena Ameaça – Qual a influência de vocês?!

Maua – Charles Bronson.

Lazaro – Charles Bronson e Fuck On The Beach.

Maua – Do Luan é Fuck On The Beach.

Lazaro – As quatro bandas: Charles Bronson, Fuck On The Beach, Void e Descendents.

Pequena Ameaça - E o Chuck Norris?!

Lazaro – Ah, Chuck Norris... prefiro...

Maua – Que Chuck Norris? O carinha que luta?

Pequena Ameaça – Éh... o que vira urso...!

Maua – Ah, só conheço esse.

Pequena Ameaça - E onde fica o "Grin Dei?"*

* Green Day (?)

Lazaro – o “Grin Dei” fica na Califórnia. O “Grin Dei” está na Califórnia pegando varias mulheres lindas...

Pequena Ameaça – Vocês leram a Carta Capital dessa semana?!

Maua – O que é Carta Capital? (risos)

Pequena Ameaça - Pode fazer a consideração final, que essa porra está acabando.

Lazaro – É o seguinte... o Isabella é uma banda que pelo menos pra mim, existe ainda, porque tem coisas a dizer. O dia que a gente chegar e olhar um pra cara do outro: “ – aí, tem mais nada pra gente falar”. A gente acaba a banda sem remorso, sem orgulho, foda-se tá ligado. Enquanto a gente tiver coisa pra falar, a gente vai provocar mesmo...muita gente não gosta da gente... pra falar a verdade...

Maua – Não gostam do Lazaro. (risos)

Lazaro – Ah mano, muita gente não gosta da gente, muita gente odeia a gente pra falar a verdade.

Pequena Ameaça - Por que vocês são odiados na cena?

Lazaro – Ah, não sei.

Pequena Ameaça - Vocês são os garotos rebeldes? Os “James Dean” da cena?

Maua – Nós somos encrenqueiros e o Lazaro é bonito.

Lazaro – Ah mano, beleza não ponha na mesa. Mas a Isabella, pelo menos pra mim, é a válvula de escape de tudo. Da vida, da sociedade. Quando eu não tenho nada pra fazer, eu ligo pra esses arrombados, e: “– ouh, vamos ensaiar aí, vamos fazer umas músicas novas”. A gente vai continuar berrando, implicando com os outros...

Maua – Fazendo barulho...

Lazaro – Fazendo barulho feio de Nerd retardado. E que se foda, pau no cu de todo mundo. Já é.

Pequena Ameaça – valeu!



MYSPACE:
myspace: http://www.myspace.com/isabellaxsuperstar

FOTOLOG:
fotolog: http://www.fotolog.com/isabellaxstar



[*] Esta entrevista foi feita por XchristopherX e XpãoX e a banda entrevistada estava desfalcada sem o seu vocalista. O vídeo cheio de gírias, palavrões, risos, sem cortes e etc. encontra-se disponível nos links abaixo:

http://br.youtube.com/watch?v=cemgz4qMIB8 - primeira parte.
http://br.youtube.com/watch?v=vazu4C6a3h0 - segunda parte.




Um comentário:

  1. Realmente eu falo muito errado. Tomar no cu!

    A entrevista ficou maneira, bem descontraida e doidona, só faltou polemica! ahuahauhauuhaa


    Abraços a todos.


    Maua

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